quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SPIDER-MAN - 1978 (スパイダーマン, Supaidāman)

 
Spider-Man (スパイダーマン, Supaidāman) é uma live-action japonesa produzida pela Toei, baseado parcialmente no personagem da Marvel, Homem-Aranha. Ao todo, a série teve 41 episódios, exibidos Tokyo Channel 12 entre 17 de maio de 1978 e 14 de março de 1979
 
No final de 1977, a Toei fechou um acordo com a Marvel, nos termos do qual um poderia usar qualquer personagem do outro de qualquer forma que desejasse. O acordo era válido por três anos, e a iniciativa partiu da Marvel, que buscava uma maior penetração no mercado japonês.

Na mesma época, a Toei também negociava com a TV Tokyo, para a qual já havia produzido dois seriados de sucesso, Ninja Captor e Zubat, a produção de um terceiro, cujo protagonista seria uma versão fictícia do Príncipe Yamato Takeru, um dos maiores personagens da história japonesa, que seria transportado para a época atual por uma máquina do tempo. Aproveitando o acordo recém-firmado com a Marvel, a Toei decidiu colocar heróis Marvel como participações especiais em vários episódios dessa série, e começou a trabalhar no uniforme e características que o Homem-Aranha teria na tela.

Durante este estágio da produção o Homem-Aranha fez tanto sucesso entre a equipe que eles decidiram mudar completamente o foco da série, transformando-o em protagonista. Liderada pelo roteirista Susumu Takaku, essa equipe criaria uma versão tokusatsu do maior herói Marvel, que, além da aparência e poderes, não tinha mais absolutamente nada a ver com a versão original norte-americana. Ainda assim, a TV Tokyo pagou para ver, e o resultado foi um dos seriados de maior sucesso da história da Toei.
 
Em sua versão tokusatsu, o Homem-Aranha é o jovem japonês Takuya Yamashiro, piloto de motocicleta que, um dia, vê um disco voador cair na Terra. Indo até o local do impacto, ele descobre que trata-se da nave Marveller (em homenagem à Marvel), vinda do planeta Spider (que, se alguém aí não sabe, significa "aranha" em inglês). O piloto da nave, Garia, é o único sobrevivente do planeta Spider, e, antes de também morrer, injeta em Takuya um soro que lhe confere incríveis poderes relacionados às habilidades das aranhas.

Diferentemente de quase todos os outros heróis de tokusatsu, o Homem-Aranha possui uma identidade secreta. Para mantê-la, Takuya age como um bobalhão, o que faz com que ele seja vítima de bullying por parte de diversos de seus colegas, e não faça muito sucesso com as meninas, das quais sempre ouve frases do tipo "por que você não pode ser como o Homem-Aranha?". Ser um super-herói também faz com que ele não consiga viajar para participar de muitas corridas, então seu orçamento está sempre no vermelho, o que faz com que tenha de arrumar diversos bicos para se sustentar, o principal deles como fotógrafo no jornal onde trabalha sua melhor amiga e quase-namorada, Hitomi Sakuma.
 
 
O soro injetado por Garia confere a Takuya os poderes tradicionais do Homem-Aranha, como a capacidade de escalar paredes, força e agilidade ampliadas, e um sentido especial que o avisa quando sua vida ou a de seus entes queridos está em perigo. O soro também dá a Takuya um efeito colateral, o de ser especialmente suscetível a baixas temperaturas, até mesmo perdendo seus poderes quando exposto ao frio extremo. Além do soro, Garia dá a Takuya um bracelete, através do qual ele terá acesso à tecnologia do planeta Spider, como seu uniforme, chamado Spider-Protector. Ao ser liberado do bracelete, o uniforme "se veste" automaticamente em Takuya, aumentando sua resistência a dano e protegendo sua identidade. O bracelete também lança uma teia feita de um material especial chamado Spider-Fluid. Essa teia pode ser usada como corda, para que o Homem-Aranha se balance como o Tarzan em um cipó, ou como rede, para prender inimigos, e é produzida indefinidamente, com o Spider-Fluid jamais se esgotando.

Finalmente, o bracelete serve para o Homem-Aranha chamar e controlar remotamente seus dois veículos. O principal é o Spider-Machine GP-7, um carro de corrida voador equipado com metralhadoras e mísseis. Devido a restrições orçamentárias, o Homem-Aranha japonês raramente se locomove balançando entre os prédios como o norte-americano, sendo o GP-7 seu principal meio de transporte. O outro veículo é a própria espaçonave Marveller, a qual Garia confiou a Takuya para que não caísse nas mãos do Profesor Monster. Escondida em local secreto, a Marveller é equipada com canhões e pode se transformar no robô gigante Leopardon, armado com a espada Vigor, com o qual o Homem-Aranha enfrenta os mosntros gigantes do Iron Cross Army. Embora isso hoje seja praticamente uma tradição, o Homem-Aranha foi apenas o segundo herói da história do tokusatsu - depois de Ganbaron, produzido pela Soeisha e exibido em 1977, e que curiosamente era inspirado no Super-Homem - a pilotar um robô gigante - Giant Robo e Daitetsujin 17 não contam, pois nessas séries o herói era o próprio robô gigante.


A série fez um sucesso monstruoso, aumentando as vendas dos quadrinhos Marvel no Japão até além do que a editora esperava. Leopardon se tornou o brinquedo mais vendido da história do Japão até então, fato que estabeleceu a tradição do robô gigante nos seriados de tokusatsu, e sua capacidade de se transformar em nave seria a principal responsável pela criação, alguns anos mais tarde, dos Transformers.

O sucesso do Homem-Aranha japonês foi bom para a Toei e a Marvel, mas nem tanto para a TV Tokyo, beneficiando, ao invés disso, sua concorrente Asahi: para 1979, a Toei decidiu fazer uma versão japonesa do Capitão América, a qual chamaria, muito apropriadamente, de Capitão Japão. Durante a produção, entretanto, a equipe decidiu que seria válido dar mais uma chance aos sentai, e transformou o Capitão Japão no líder de uma equipe, a Battle Fever J. A Toei então ofereceu Battle Fever J para a TV Asahi, que ainda a pagou um bom dinheiro para que nenhum outro tokusatsu fosse exibido em um canal concorrente em 1979. Seria a última tentativa de fazer a parceria entre as duas engrenar.

Felizmente, deu certo. Usando vários dos elementos de Spiderman, como os uniformes guardados em braceletes e o robô gigante, Battle Fever J foi um grande sucesso, garantiu a encomenda de mais um sentai, Denjiman, igualmente bem-sucedido, o que por sua vez assegurou a sobrevivência do gênero até os dias de hoje, e solidificou a parceira da Toei com a Asahi, que se fortaleceu ainda mais em 1982 com a estreia de Gavan, que daria origem a mais um subgênero do tokusatsu, os Metal Heroes.
 
 


 

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